A alma rasgava, e eu a costurava
O coração descosia, e eu o remendava
O corpo desalinhava, e lá ia eu,
realinhá-lo ...
Passamos a vida toda assim:
Costura daqui, remenda dali...
A alma rasgava, e eu a costurava
O coração descosia, e eu o remendava
O corpo desalinhava, e lá ia eu,
realinhá-lo ...
Passamos a vida toda assim:
Costura daqui, remenda dali...
Vendo o tumulto inconsciente
em que anda
A humanidade de uma
a outra banda,
Não te nasce a vontade
de dormir?
Falai de Deus com clareza
Falai de Deus com a clareza
da verdade e da certeza:
com um poder
de corpo e alma que não possa
ninguém, à passagem vossa,
não o entender.
Falai de Deus brandamente,
que o mundo se pôs dolente,
tão sem leis.
Falai de Deus com doçura,
que é difícil ser criatura:
bem o sabeis.
Falai de Deus de tal modo
que por Ele o mundo todo
tenha amor
à vida e à morte, e, de vê-Lo,
O escolha como modelo superior.
Com voz, pensamentos e atos
representai tão exatos
os reinos seus
que todos vão livremente
para esse encontro excelente.
Falai de Deus.
Quando eu nasci,
ficou tudo como estava.
Nem homens cortaram veias,
nem o Sol escureceu,
nem houve estrelas a mais...
Somente,
esquecida das dores,
a minha Mãe sorriu e agradeceu.
Quando eu nasci,
não houve nada de novo
senão eu.
As nuvens não se espantaram,
não enlouqueceu ninguém...
Pra que o dia fosse enorme,
bastava
toda a ternura que olhava
nos olhos de minha Mãe...
*Sebastião da Gama*