Por que insistes em traduzir o mundo?
Para que queres ser-lhe fiel
se te é infiel e hostil até à náusea?
A ruína o desencanto a perdição
alimentados sem pudor a cada dia
Para quê?
Houvesse artífice capaz de o
consertar
reinventar-lhe um corpo são,
um coração de princípios outros.
Enàs fontes,
à sua voz de água magoada,
devolver a cadência das trovas
antigas.
Houvesse como
curar os olhos dos homens
doentes de urbanismo, de alienação,
de crueldade...
E tu que fazes, Poesia,
enrolada nesse xaile escuro, qual
noite?
Não vês como te esperam?
Há quem te saiba ave e alvorada
quem te queira berço, colo, morada.
Vem encher de barcos iluminados
o mar negro da minha inquietação.
Lídia Borges
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