25.1.22
24.1.22
23.1.22
A RECRIAÇÃO DA LUZ
com olhos velhos
tinha febre frio e medo
um jeito distante
como distante trazia
o corpo (quase arrastado)
foi-se aninhando
pássara assustada
(os olhos velhos velhos)
um soluçar de antigos
sofrimentos
lágrimas de paixões
nunca esquecidas
homens suados
prazeres
inteiramente só
a cabeça baixa
cabelos caindo no rosto
braços cruzados sobre o peito
e os olhos velhos
falei de barcos e fugas
da atração da morte
e das mulheres esplêndidas
que nunca cruzaram
a esquina do meu coração
tomou leite quente
algum conhaque
depois falou de angústias
e traições
e sem saudade (até sorrindo)
lembrou de um passado
inesquecível
tinha medo do passado e do presente
(do futuro não falou)
recordou sabores nunca renegados
mas que jamais mataram sua sede
isto tudo falou assim
até que lhe beijasse os olhos
úmidos e velhos
despediu-se com um ar distante
(como se não tivesse chegado)
apenas olhava o sofá a taça vazia o cinzeiro
e nos olhos velhos
havia o pedido
de um instante a mais
então beijou-me
beijou-me um beijo lento
(menos que um beijo,
mais uma procura )
o beijo escorreu da boca
e foi descendo até os pés
e ali
ao som de uma canção antiga
(na certeza de que não iria faltar cigarro)
entre as roupas que foram
lentamente
recobrindo o assoalho da sala
eu vi
nela toda
acender-se uma luz
PAULO JOSÉ CUNHA
RECEITA
não é por onde o sim
é ser por onde o não
desconser/tente o vácuo
experimente o salto:
(invente)
arquitetando acerte
o alvo errante
mas não se sente – avance
e desinvente o salto
até cravar o dente
na flor do instante
(tente)
11.1.22
MEU AMOR
ARY DOS SANTOS
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